Como o agronegócio moderno pode conviver em harmonia com o meio ambiente, aumentando a produtividade e preservando o ecossistema.
Da Revolução Verde à Bioconvivência
Quando você pensa em agronegócio, o que vem à sua cabeça? Agricultura? Fazendas e plantações, atividades ligadas ao campo? Pois saiba que o agronegócio está muito mais ligado às atividades urbanas do que você pode imaginar.
Para melhor visualizarmos, podemos dividir esse termo em três partes distintas, onde a primeira engloba justamente a pecuária e produção agrícola; porém a segunda e terceira correspondem às atividades desenvolvidas além da porteira da fazenda. A segunda são as atividades industriais para beneficiamento da produção, além da fabricação dos insumos utilizados no campo como defensores agrícolas e maquinários; e a terceira corresponde a toda a cadeia logística, armazenamento e distribuição desses produtos.
Nos anos 60 foi cunhado um termo chamado de Revolução Verde. Esse termo foi utilizado para designar a evolução tecnológica que aumentaria a produtividade no campo. Já há algumas décadas, estudos e tecnologias vinham sendo desenvolvidos com a finalidade de aumentar a produção de alimentos, sem a necessidade de expandir a área plantada. Sementes melhoradas em laboratórios se tornavam mais resistentes às intempéries e pragas, novas máquinas vinham sendo criadas para facilitar a vida do agricultor, e produtos químicos eram desenvolvidos para a aplicação em lavouras sempre com vistas à prevenção de perdas e aumento de qualidade dos produtos.
Esta poderia ser a solução para a erradicação da fome no mundo, correto? Mas o que é que deu errado? Por que 60 anos depois da Revolução Verde ainda nos deparamos com a desigualdade e falta de alimentos para muitas pessoas?
A resposta não é simples, mas dois pontos bastante claros podem ser notados com certa facilidade.
Um deles é o fato de que o agronegócio de países em desenvolvimento está voltado em sua maior parte à exportação para países mais ricos e não para serem autossustentáveis. Outro fato que se desenvolveu após a Revolução Verde é o êxodo rural. Os pequenos produtores, que não conseguiram acompanhar todo esse desenvolvimento, viram-se obrigados a venderem suas propriedades pois não conseguiam atingir a produtividade necessária para manter-se no negócio.
A Revolução Verde trouxe modernidade ao agronegócio, mas além dos dois desdobramentos citados acima, trouxe também maior dependência de indústrias químicas, e contrariando a ideia inicial, trouxe o esgotamento do solo e desmatamentos, pois maiores áreas foram sendo cultivadas, visto que a tecnologia permitia plantar quase tudo, em quase todo lugar.
O agronegócio moderno está deixando a Revolução Verde para trás?
Em nossos dias, estamos presenciando a introdução de uma nova filosofia que desafia a forma como o agronegócio vem sendo administrado até então. Voltada à ideia da sustentabilidade, a bioconvivência busca diminuir os pontos negativos surgidos com a Revolução Verde.
O desenvolvimento sustentável, no qual a bioconvivência se baseia, foi descrito em 1987 pela ONU como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Mas o que estava faltando à Revolução Verde para termos um desenvolvimento sustentável? Afinal, economicamente falando, os custos de produção alcançaram patamares baixíssimos, todos envolvidos na cadeia obtinham seus lucros e cada vez mais a produção vinha crescendo.
A resposta é: atender aos outros dois pilares que compõem a sustentabilidade além da parte econômica - a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento social.
Conservar os ambientes naturais, deter a poluição e reduzir o consumo de recursos irá garantir às gerações futuras o suprimento de suas necessidades. E assegurar que o lado social pertencente ao agronegócio esteja capacitado a participar na determinação de seu futuro completam o tripé da sustentabilidade.
Aos poucos o agronegócio vem incluindo formas mais sustentáveis de atuar em seus negócios. A globalização trouxe consigo mais facilidade de acesso às informações, e não só os envolvidos nessa cadeia podem acompanhar o que está acontecendo no mundo, mas também o cliente final está mais atento ao que consome. Regras vêm sendo criadas para normatizar as informações contidas nos rótulos dos produtos; “selos verdes” indicam que determinados produtos são provenientes de manejos menos prejudiciais ao meio ambiente, entre outras tantas formas de se identificar que o que está sendo consumido vem de uma produção com foco na sustentabilidade.
Quais as barreiras que o agronegócio deve romper para alimentar o mundo de forma sustentável?
Voltemos ao início deste texto. O que é agronegócio? É um modelo composto por três partes sendo elas a produção agrícola-pecuária, a indústria e os canais distribuidores.
Separar as barreiras que cada uma dessas partes encontra, facilita o entendimento dos desafios enfrentados por todos.
A logística reversa das embalagens de agrotóxicos é uma das grandes barreiras enfrentadas pelo setor. No Brasil, por exemplo, como forma de nortear os produtores, temos a Lei 9974/2000 que estabelece as responsabilidades de cada uma das partes, como por exemplo: a lavagem da embalagem vazia por parte do produtor, a retirada nas unidades de recolhimento por parte do fabricante e o registro em notas fiscais por parte dos locais de distribuição para garantir a rastreabilidade do processo.
Nas mudanças climáticas encontramos outro ponto sensível. A cadeia do agronegócio é a sua vítima mais suscetível, ao mesmo tempo em que se encontra entre os principais emissores de gases de efeito estufa.
Estudos mostram uma previsão que em 2050 seremos 9,8 bilhões de pessoas no mundo contra os 7,8 bilhões atuais. Como atender à demanda por alimentos sem aumentar a área produzida? Aqui está a barreira que requer a maior ruptura com os padrões atuais.
Como então desmistificar a bioconvivência e superar essas barreiras?
Engana-se quem pensa que essa responsabilidade é somente do agronegócio. A responsabilidade é de todos nós! Sim, nós, os mais de 7 bilhões de habitantes da Terra.
A disrupção com velhos hábitos urge diante de nós para que as futuras gerações possam se sustentar, sem grandes disparidades.
Existe um movimento crescente voltado ao consumo de alimentos não-transgênicos, orgânicos e mesmo veganos. A barreira que encontramos aqui é econômica, visto que os produtos produzidos sem agrotóxicos possuem um valor mais elevado. Mesmo com a grande parte da população tendo acesso somente aos produtos mais baratos, esse movimento está tomando força e a indústria vem reagindo a essa demanda.
A proteção das lavouras não pode mais ser concorrente da preservação ambiental. Elas são complementares e assim devem conviver.
O agronegócio moderno entendeu que ser sustentável, além de garantir uma boa reputação perante os consumidores, dá lucro. Contudo, repensar toda a cadeia e torna-la sustentável desde o campo até a mesa do consumidor exige que nossos hábitos alimentares mudem significativamente.
A população deve diversificar seus hábitos alimentares incluindo mais peixes por exemplo, em detrimento da carne de rebanhos, o que contribuiria para diminuir a quantidade de áreas desmatadas para pastagens.
Hoje temos diversas ferramentas que podem ser utilizadas para auxiliar no entendimento do quão sustentável um negócio se apresenta e como sua convivência com o meio ambiente pode ser melhorada. OsODS, ISO 14001, Bússola da Sustentabilidade, são algumas delas.
Só aqui no Brasil temos diversos órgãos voltados a esses estudos, e dentre as facilidades que a globalização nos proporciona, e uma delas é o acesso à informação.
No portal da Embrapa há uma biblioteca com milhares de publicações a respeito do agronegócio, orientações para o crédito agrícola, entre inúmeras informações sobre pesquisas e inovações.
Dentre as soluções apresentadas, pode-se aprender mais sobre o Manejo Integrado de Pragas que visa reduzir a população de pragas para abaixo do nível de controle mediante a utilização de diferentes ferramentas em conjunto, como predadores naturais, plantas iscas, entre outros, reduzindo significativamente o uso de defensivos químicos.
Outra solução que vem contribuir para a convivência do agronegócio com o meio ambiente, é a Integração da Lavoura, Floresta e Pecuária que promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas, otimizando a produção de grãos, carne, leite e madeira em uma mesma área.
O zoneamento agrícola é um outro estudo que determina em quais regiões são apresentadas as melhores condições climáticas e qual a melhor época do ano para se desenvolver uma lavoura.
No portal doinpEV (Instituto Nacional de Embalagens Vazias) é possível conhecer as boas práticas para a correta destinação de embalagens de agrotóxicos. O descarte incorreto pode acarretar em problemas de saúde a humanos e animais, sem contar na possibilidade de contaminação do solo e dos rios. O inpEV é uma organização não governamental que faz parte do Sistema Campo Limpo que abrange todas as regiões do país e tem como base o conceito de responsabilidade compartilhada na logística reversa.
Eis que estas são apenas algumas das possibilidades que podem ser adotadas para transpor as barreiras existentes entre o agronegócio e a questão ambiental.
Se sua empresa pertence ao agronegócio e deseja expandir sua carteira de clientes para o mercado externo, saiba que empresas que buscam implementar constantemente melhorias e práticas sustentáveis, são muito bem vistas lá fora, e esses esforços são recompensados.
Caso tenha interesse em conhecer como funciona esse mercado, as formas de contratos utilizadas em cada país, conte com os especialistas do nosso setor de contratos internacionais e assessoria para investidores.
Nós da ALF podemos cuidar da burocracia, enquanto você cuida de seu negócio e da nossa alimentação!
Escrito por Giselle Amorim.
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