Dubai está vivendo um dos maiores booms imobiliários do mundo, com prédios futuristas e mansões luxuosas surgindo em ritmo acelerado. A cada semana, incorporadoras lançam novos empreendimentos que esgotam em poucos dias — ou até horas.
Mas será que essa festa vai durar para sempre? Especialistas alertam que os preços podem estar chegando ao limite, e alguns desenvolvedores já pisam no freio para evitar uma crise no setor.
O mercado imobiliário de Dubai: crescimento acelerado, mas com desafios
O boom dos imóveis de Dubai já dura anos e tem sido impulsionado por uma enxurrada de novos investidores, milionários do mercado de criptomoedas e expatriados em busca de segundas residências. De acordo com a consultoria Knight Frank, quase 20% das propriedades no emirado já estão avaliadas acima de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões).
Embora os preços continuem subindo, a valorização desacelerou. Em 2024, o mercado registrou um aumento médio de 20%. Para 2025, a expectativa é de apenas 8%, indicando uma moderação no crescimento. No segmento de luxo, a alta deve ser ainda menor, com 5%, abaixo de cidades como Londres (2%) e Nova York (3%).
Mas não é só o valor das propriedades que está nas alturas: os aluguéis também dispararam, forçando muitos moradores a se mudarem para as bordas do deserto. O custo de vida crescente e a necessidade de habitação acessível podem ser fatores decisivos para a sustentabilidade desse mercado no longo prazo.
A festa dos milionários continua, mas até quando?
O otimismo ainda domina o setor. A Emaar Properties, uma das maiores incorporadoras da região e responsável pelo Burj Khalifa, segue entregando 6 mil a 7 mil unidades por ano, com pico previsto para 2026 e 2027. Mas a empresa já adota uma postura mais cautelosa, freando aumentos exagerados para não “matar a galinha dos ovos de ouro”, como explicou Mohamed Alabbar, fundador da Emaar.
Por outro lado, alguns corretores de alto padrão já percebem uma queda no ritmo de vendas. O CEO da corretora The Luxury Address, Yasin Valimull, afirmou que "a demanda ainda existe, mas as vendas desaceleraram", principalmente no mercado de imóveis em construção.
O preço médio por metro quadrado caiu para R$ 28,6 mil, contra R$ 30,4 mil em 2023. Para comparação, o metro quadrado mais caro do Brasil, no bairro do Leblon (RJ), custa cerca de R$ 24,1 mil, enquanto Balneário Camboriú, cidade com maior valorização imobiliária do país, tem média de R$ 13,9 mil/m².
O que está sustentando essa alta?
Mesmo com os sinais de moderação, os incorporadores garantem que o mercado de imóveis de Dubai ainda tem fôlego. O emirado aposta em vistos dourados, isenção de impostos e incentivos fiscais para continuar atraindo investidores internacionais.
Dubai segue sendo um destino estratégico para empresas e fundos globais, consolidando-se como um centro financeiro internacional. De acordo com Sahil Khosla, CEO da incorporadora SOHO, “o mercado imobiliário é cíclico, e este ciclo ainda tem fôlego. O governo está alinhado para manter Dubai como um dos principais destinos de investimento do mundo”.
O boom vai virar bolha?
A grande questão agora é: o mercado imobiliário de Dubai continuará crescendo ou estamos diante de uma bolha prestes a estourar? Se a demanda por novos imóveis não acompanhar o ritmo acelerado de construção, poderemos ver um ajuste nos preços em breve. Afinal, o que sobe sem controle, uma hora pode despencar. Será esse o futuro do setor imobiliário no emirado?
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