Pesquisadores do ISI-ER estreitam laços com comunidades pesqueiras no RN, ouvindo demandas e preocupações para consolidar a 1ª planta offshore do Brasil.
Na Colônia de Pescadores de Cristóvão, em Areia Branca, no litoral potiguar, um pedaço de papel com imagens de aerogeradores coladas à parede carrega os sonhos de quem vive do mar: "trabalho", "renda" e "oportunidades".
Parece cena de filme, mas é a realidade do projeto da 1ª planta offshore do Brasil, liderado pelo ISI-ER. As expectativas da comunidade se misturam a dúvidas como: "Vai afugentar os peixes? E a pesca, será prejudicada?".
Pescadores no centro das decisões
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) está liderando um trabalho inovador de integração com as comunidades pesqueiras da região de Areia Branca. Em outubro, uma Oficina Socioambiental reuniu cerca de 70 pescadores e seus familiares para discutir o impacto da 1ª planta offshore do Brasil.
Com a metodologia do Diagnóstico Social Participativo (DSP) e da Cartografia Social, pescadores ajudaram a mapear suas atividades, interesses e preocupações.
Segundo a pesquisadora Mariana Torres, do ISI-ER, o objetivo principal dessas ações é garantir que as comunidades locais participem ativamente de todas as etapas do projeto. “Queremos engajar as comunidades e fortalecer o sentimento de pertencimento com a chegada de uma nova estrutura no ambiente que elas já conhecem tão bem”, explica Torres.
Cooperação internacional e diagnósticos avançados
O projeto conta com a parceria do Ibama, do Ministério de Minas e Energia e de instituições dinamarquesas, como a Embaixada da Dinamarca e a Agência Dinamarquesa de Energia. Essa cooperação internacional visa aprimorar o processo de licenciamento ambiental e aprender com as melhores práticas globais.
Durante as oficinas, foi realizado um mapeamento detalhado dos pesqueiros, dos períodos de pesca e dos equipamentos usados pelas comunidades. “Essas informações são essenciais para planejar um projeto sustentável e minimizar os impactos da energia eólica offshore”, destaca Gabriel Lima, pesquisador do ISI-ER.
Como será a 1ª planta offshore do Brasil
Prevista para começar a operar em 2027, a planta-piloto será instalada a 4,5 km do Porto-Ilha de Areia Branca. Dois aerogeradores, com potência total de 24,5 MW, serão montados em terra e transportados para o mar utilizando tecnologia inovadora da empresa espanhola Esteyco. O sistema dispensa grandes estruturas navais, reduzindo custos e complexidade.
Além de testar a eficiência dos aerogeradores em condições reais do mar equatorial brasileiro, o projeto pretende avaliar possíveis impactos na fauna e flora marinhas e no comportamento de aves e animais locais. Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, destaca que o objetivo é criar um modelo de referência para futuros empreendimentos no setor eólico offshore.
O futuro das comunidades pesqueiras
Enquanto os ventos da inovação sopram em Areia Branca, as expectativas são altas. Cursos profissionalizantes, escolas de mergulho e oportunidades para mulheres foram algumas das demandas apresentadas durante as oficinas. Mariana Torres enfatiza que “é essencial refinar o diálogo com a comunidade para alinhar interesses e garantir um desenvolvimento sustentável”.
Curiosidade no ar
Será que o projeto da 1ª planta offshore do Brasil abrirá um novo capítulo na história da energia renovável ou se tornará um desafio para as comunidades pesqueiras? As respostas podem estar no horizonte, junto com as turbinas que em breve dançarão com os ventos do litoral potiguar.
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